domingo, 24 de abril de 2011

Amor Controlador

Você tem medo de perder o controle? Controle de quê? O que você quer
controlar?
Você tem andado “sufocado”, sentindo-se controlado e “aprisionado”? Por que
você permite tal situação? Já parou para pensar?
O controle pode acontecer por diversos fatores e se manifestar de diversas
formas.
O controlador tem o desejo, muitas vezes inconsciente, que só ele sabe o
melhor caminho, o que é certo. Não percebe a quantidade enorme de energia
que desperdiça ao tentar controlar sentimentos, pensamentos e
comportamentos. Na prática, o controle quase nunca consegue levar alguém às
mudanças desejadas. E o que é pior, ao voltar toda atenção para quem quer
que seja, perde-se de vista a única pessoa a quem se pode modificar de
verdade: você mesmo.
Há ainda aquelas pessoas que deixam de fazer suas próprias coisas, adiam
seus compromissos ou adaptam constantemente seus comportamentos às
conveniências do outro. Por trás desta aparente passividade, também há um
tipo de controle, pois ao agirem assim, escondem suas reais necessidades,
tentam agradar, na esperança desesperada de serem amadas. Há também
aqueles que por necessidade de serem aceitos, se deixam controlar, assumindo
papéis e comportamentos que não fazem parte de sua essência.
É tempo de meditar...Controlador ou controlado? Todos revezamos o título em
vários momentos e contextos!
“Não há nada mais sufocante do que a insegurança de alguém que aposta no
controle do outro ao invés de lidar com as suas questões.” (Rabino Nilton
Bonder)
O controlador tem o desejo, muitas vezes inconsciente, que só ele sabe o
melhor caminho, o que é certo. Na verdade, este comportamento pode ser
facilmente identificado como nobre e afetuoso. Por trás do controle, há o desejo
que o outro faça como ele quer, ou seja, que o outro mude, e por que não
mudar a si próprio? Será que isto não é um sinal que você precisa voltar a
atenção para sua própria vida? Ao controlar, distancia-se dos próprios
sentimentos, necessidades e interesses, e assim, afasta-se cada vez mais da
pessoa que se é, pois perde o referencial interno e coloca-o no outro. Já
pensou nisto? Isto vale também para quem tem a tendência a controlar a si
mesmo.
Quem está sendo controlado acaba muitas vezes desistindo de lutar para ser
ele mesmo, pois no fundo sabe que o controlador sempre tem que ser o melhor.
"O amor saudável se caracteriza por sentimentos de generosidade e de
solidariedade. O indivíduo quer a realização pessoal do ser amado. O amor
patológico inverte essa proposição. A pessoa amada precisa servir ao
narcisismo daquele que ama. Então, o indivíduo não ama o outro. Ele usa o
outro para reforçar sua auto-estima", explica Jacob Pinheiro Goldberg, Ph.D em
psicologia e analista de comportamento.
Essa angústia gera um sofrimento mútuo. Sofre o controlado e o controlador. O
primeiro porque se sente vigiado e desprovido de liberdade. O segundo porque
vira um perseguidor e acaba caindo na mesma prisão que criou.
Nossos pais nos ensinavam todas as suas certezas. Algumas dessas certezas
nos diziam como agir, como ser, como fazer em relação ao mundo, em relação
aos outros e em relação a nós mesmos. Definiam fronteiras rígidas que, na
maioria das vezes, eram por eles significadas como expressão de amor. Sair do
ambiente controlador não significava, contudo, que as fronteiras deixassem
existir. Ampliavam-se, não extinguiam-se, até porque já estavam internalizadas e
precisávamos delas. Precisávamos porque estas fronteiras nos davam a
sensação de pertença, nos situavam em um determinado espaço geográfico e
permitiam que freqüentássemos os espaços sociais correspondentes.
Significavam também que estávamos sendo cuidados. Se não satisfeitos,
procurávamos rompê-las através de um "salto" social e/ou
educacional/profissional.
Lamentavelmente, essas pessoas controladoras dificilmente percebem que
incomodam. Quase sempre usam a frase: - Só digo isso para o seu bem! E você
se vê quase que obrigado a fazer como ela pede, senão a pessoa fica
profundamente magoada e pode até lhe virar a cara, somente porque você
ousou pensar diferente dela. Precisamos ser compreensivos com tais criaturas,
pois provavelmente não fazem isso por mal. Crêem sinceramente que sabem o
que é melhor para todo o mundo. Relutam em abrir mão de seus costumes
arraigados. Teimam em querer ensinar aos outros como viver melhor. Somente
com paciência e tolerância conseguimos enfrentar essa situação sem mágoas. É
difícil, eu sei, mas vale a pena tentar quando essa pessoa tem real importância
para você. Converse, procurando mostrar que os indivíduos são diferentes e,
portanto, possuem prioridades distintas. Agradeça pela preocupação com você,
e diga que vai pensar no assunto. Depois, faça o que achar mais conveniente.
Pessoas controladoras não têm a mínima idéia do quanto conseguem ser
incômodas. Com amor e paciência a gente vai ensinando a elas que podemos
conviver e ser felizes, mesmo com costumes desiguais.
Se você se sente desrespeitado, ultrajado, espezinhado, comece você mesmo a
respeitar, elogiar, reconhecer... Vá dando às outras pessoas as condições de
poderem reagir como você, pois ninguém pode dar o que não possui, e
costumamos dar o que recebemos.

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